Expiação definida

Expiação definida

Adversários da expiação definida podem alegar que, embora todos estejam espiritualmente mortos em pecado, alguns na verdade respondem em fé a Cristo, não porque fossem escolhidos para salvação, mas porque eles decidiram ser salvos por suas próprias vontades. Porém, o próprio sentido de morte espiritual faz disso algo impossível, visto que um homem morto não pode responder a ou cooperar com qualquer assistência, ou mesmo de solicitá-la. Consequentemente, a Bíblia diz que a fé e o arrependimento são coisas que Deus concede como dons aos seus eleitos (Efésios 2.8,9; 2 Timóteo 2.25-26), mas ele não concede isso a todos, e assim “a fé não é de todos” (2 Tessalonicenses 3.2). Visto que a fé em Cristo é o único caminho para salvação, e é Deus quem escolhe a quem concede fé e arrependimento, segue-se que é ele quem escolhe aqueles que recebem a salvação, e não os próprios indivíduos.

Por amor ao argumento, suponhamos por um momento que, embora todos estejam espiritualmente mortos, alguns realmente respondam ao evangelho, em fé, por si mesmos. Mas isso significaria que pessoas espiritualmente mortas na precisam de nenhuma graça especial da parte de Deus para fazer a decisão espiritual mais importante de suas vidas. Como então explicamos por que uma pessoa espiritualmente morta aceitou a Cristo, enquanto outra da mesma forma espiritualmente morta não conseguiu fazer o mesmo? Não se segue que aqueles que são capazes de fazer a decisão espiritual positiva são mais justos do que aqueles incapazes? Nesse caso, então teremos que dizer que Cristo veio salvar somente os indivíduos relativamente justos, e não os relativamente pecadores. Mas isso contradiz a premissa de todo o evangelho.

Dizer que Deus exerce uma certa dose de influência sobre indivíduos para fazer-lhes crer apenas prolonga o problema. Alguns parecem dele requerer uma influência mais forte do que outros. Mas se ele exerce uma influência mais forte sobre algumas pessoas do que sobre outras, então ele está na verdade escolhendo quem seria salvo, especialmente se a quantidade de influência exercida não corresponder exatamente ao grau de impiedade nos indivíduos. Por outro lado, se Deus exerce aproximadamente a mesma dose de influência sobre indivíduos, então uma vez mais somente as pessoas relativamente justas responderiam, o que novamente significaria que Cristo veio para salvar somente os relativamente justos, uma noção que contradiz o ensino escriturístico.

A conclusão necessária é a seguinte. Dado outros aspectos do ensino da Escritura, a EXPIAÇÃO ILIMITADA ou UNIVERSAL é impossível. Visto que a natureza da expiação envolve pagamento real e completo pelo pecado, a expiação universal necessariamente acarretaria à salvação universal; contudo, a Escritura ensina que nem todos serão salvos, mas que muitas pessoas se perderão e sofrerão o tormento sem fim no inferno. Portanto, a única possibilidade escrutirística é que na eternidade Deus selecionou um grupo definido de indivíduos para serem salvos. Então, em sua obra de expiação, Cristo morreu somente por esses indivíduos e, assim, assegurando a salvação real de cada um deles, não a fazendo meramente possível. Eis o porquê de a obra redentora de Cristo ser uma expiação eficaz e específica.

Vicent Cheung