Manifesto Cristão
Hoje, muitas igrejas estão doentes. Confundimos o crescimento egoísta com crescimento espiritual. Confundimos mera emoção com adoração verdadeira. Valorizamos a aceitação do mundo e não a aprovação de Deus, uma aprovação que é geralmente outorgada a uma vida que sofre oposição da parte do mundo. Apesar de seus perfis estatísticos, muitas igrejas de nossos dias parecem desinteressadas pelas marcas bíblicas que devem distinguir uma igreja que tem vida e cresce.
Entre as muitas coisas que são motivadoras para o crente, existem também aquelas que afligem e trazem desânimo mesmo para o mais piedoso observador. Entre estas, contemplamos uma estranha combinação de zelo com mundanismo; intensa atividade em favor da expansão do reino de Deus na terra, mesclada com uma lamentável indiferença quanto ao estado espiritual da alma; em resumo, vemos um aparente esforço nas coisas exteriores, misturado a uma crescente sensibilidade no coração.
Milhares de crentes estão substituindo a piedade pelo zelo; a mortificação, pela liberalidade; e a vida cristã pessoal, por uma religião social. Qualquer leitor dedicado do Novo Testamento e observador do presente estado da igreja, não deixará de convencer-se de que o que agora falta aos crentes, é uma sublime espiritualidade. O testemunho cristão rebaixa-se a este nível de piedade; a linha de separação entre a igreja e o mundo está se tornando cada vez menos perceptível; e o caráter do verdadeiro cristianismo, apresentado dos púlpitos e descrito nos livros, raramente se reflete na vida e no espírito daqueles que professam ser crentes.
A maior parte do cristianismo evangélico hoje é fundamentado em clichês. A maior parte do nosso cristianismo vem de músicos que se dizem cristãos, e não da bíblia. A maior parte do que os evangélicos acreditam é ditado pela cultura secular e não pela escritura.
Poucos são os que encontram a porta estreita. Consequentemente, as idéias mais populares sobre o Cristianismo possivelmente não são os conceitos mais próximos da verdade bíblica, pois essa, só pode ser encontrada se estivermos andando em um apertado caminho, que é percorrido por poucos.
Nos dias de hoje, desconfie de qualquer “Best-seller”. Desconfie de qualquer um que for sucesso ou um furacão de vendas, simplesmente porque a genuína verdade cristã jamais foi e nunca será “digerida” pelas massas. A maior prova disso, é que mataram o seu autor. Se caiu no gosto da maioria é falso. Lembre-se, Jesus se referiu aos seus verdadeiros seguidores como “pequenino rebanho”.
A apostasia que a Bíblia nos advertiu que seria evidente nos últimos dias já está em pleno andamento. Somente aqueles que se mantiverem firmes na Palavra de Deus serão protegidos e salvos. Este remanescente de crentes fiéis será visto como pessoas antiquadas e de mentalidade fechada.
A natureza da salvação de Cristo é deploravelmente deturpada pelo evangelista moderno. Eles anunciam um Salvador do inferno ao invés de um Salvador do pecado. E é por isso que muitos são fatalmente enganados, pois há multidões que desejam escapar do Lago de fogo, mas que não têm nenhum desejo de ficarem livres de sua pecaminosidade e mundanismo. Sem santificação ninguém verá o Senhor.
Os que ingressarem na instituição eclesial por persuasão de comunicadores, que se valem de técnicas modernas de comunicação, aproveitando elementos psicologicamente naturais como sentimento, emoção, paixão intensa e frustração, ou utilizando-se de carências afetivas, sociais e financeiras, esses, geralmente, são “convertidos” aos pressupostos do pregador, não “constrangidos” pelo chamado irresistível a se tornarem servos de Cristo.
Os Evangélicos modernos procuram encher suas igrejas de analfabetos bíblicos, convencendo-os que eles irão para o céu, simplesmente porque levantaram a mão e fizeram uma oração, como sinal de aceitação de Jesus como Salvador, e que Ele vai lhes dar o sucesso familiar, social e financeiro, se tiverem um nível de moralidade considerável e forem dizimistas fiéis; o que se constitui propaganda enganosa.
Pregam uma mensagem falsa, que satisfaz pessoas cujo primeiro amor está em si mesmas e que não se importam com Deus, a menos que possam tê-lo sem interromper sua maneira de viver egoísta. Prometa a essas pessoas uma religião que lhes permitirá que tenham conforto em meio ao seu materialismo e amor próprio, e elas a aceitarão aos milhares. O desafio de vir a Cristo, é o mesmo desafio feito àquele jovem rico. A questão não é encontrar um cristianismo que se adapte às nossas necessidades, mas de quanto estamos dispostos a dar e perder para ganhar o reino dos céus.
Muitos dizem não ter vergonha do evangelho, mas são uma vergonha para ele. A primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade egocêntrica, com nenhuma consciência missionária. Consideram tudo no mundo muito “normal” e não vêem nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é uma forma de fanatismo religioso impróprio e não demonstram nenhuma preocupação em lutar pelo que crêem.
Você sabia que 80 á 90% das pessoas que “aceitam a Cristo” em trabalhos evangelísticos se “desviam” depois? O motivo de tudo isso tem sido esse evangelho centrado no homem que é pregado nos púlpitos, nas TVs e nas casas, onde o bem-estar e a prosperidade tem se tornado “mais valiosos” que o próprio sangue de Cristo. A graça já não basta mais (apesar dos louvores e acharmos Cristo tão meigo).
Engana-se quem pensa que a igreja evangélica brasileira está vivendo a sua melhor fase! Isso só seria verdade se a Bíblia, a Palavra de Deus, não existisse. Boa parte da igreja, misturada com o mundo, vem se envolvendo com questões que não são de sua competência, além de pregar um evangelho “contextualizado”, que atrai pessoas para dentro dos templos, mas afasta-as da verdade!
A igreja de hoje não incomoda nem influencia ninguém, a não ser a “igreja da maioria” quanto ao crescimento numérico. Quem defende o evangelho de Cristo hoje, conforme Filipenses 1.16 e Gálatas 1.8, é considerado persona non grata e chamado de cético. Foi o Senhor Jesus também um cético por ter dito "Acautelai-vos dos falsos profetas", em Mateus 7.15? Devemos aceitar com naturalidade esse evangelho ecumênico, facilitador, pragmático, pregado hoje em dia, cuja máxima é: “O mais importante é o amor que une do que a doutrina que divide”?
Como temos reagido ao evangelho empirista, experiencialista, que supervaloriza experiências e "milagres", em detrimento da Palavra de Deus? Nada valem passagens bíblicas como Deuteronômio 13.1-4 e João 10.41? Se ocorrerem fenômenos como mãos grudadas e dentes de ouro, não nos importamos se o pregador fala a verdade segundo a Bíblia ou não? Mas Janes e Jambres também não fizeram prodígios? Não devemos levar em consideração Mateus 7.21-23?
Que reação temos hoje ante o evangelho antropocêntrico, humanista, que apresenta Deus como um “Papai Noel”, cujo prazer resume-se em distribuir presentes aos “meninos” que têm fé? O nosso culto não é para o Senhor Jesus? Reunimo-nos para receber, receber e receber? É isso que é ser um servo de Deus?
Parte dos chamados evangélicos tem pregado indiretamente que as bênçãos de Deus não são frutos de sua maravilhosa graça, mais sim, conseqüência direta de uma relação baseada na troca ou no toma-lá-dá-cá. Neste contexto, tudo é feito em nome de Deus e para se conseguir a benção é absolutamente necessário pagar e pagar alto! Por favor, responda sinceramente: Qual a diferença da oferta extorquida do povo sofrido nos dias atuais para a venda das indulgências da idade média? Qual a diferença dos utensílios vendidos no século XVI, para os comercializados em nossos templos nos dias de hoje?
Para piorar a coisa, tal práxis doutrinária e comportamental encontrou uma enorme aceitabilidade por parte da sociedade, e isto se deve ao agravante de que as pessoas deste tempo, buscam desesperadamente por experiências e não a verdade. Elas não querem pensar, querem sentir; não querem doutrina, desejam novidades; não querem estudar a Palavra, querem escutar testemunhos eletrizantes; não querem adorar, querem shows; não querem Escolas Bíblicas, querem circo; não querem o evangelho da cruz, desejam o evangelho dos milagres; não querem Deus e sim as bênçãos de Deus.
E quanto aos evangelhos teologicocêntrico e filosófico, que não consideram a Palavra de Deus a fonte primária de autoridade? Você que segue a teólogos de renome cegamente, mesmo quando as suas afirmações contrariam a Palavra de Deus, não se incomoda com isso? Como temos reagido ante os evangelhos farisaico, da prosperidade e do entretenimento? Ser crente é isso? O importante é seguir a tradições, ser rico ou divertir-se à vontade na casa de Deus?
O que nós realmente queremos é “o segredo” para sermos bem-sucedidos. Desejamos “uma vida com propósitos” para taparmos com peneira o vazio que sentimos. O Vazio de um espírito morto que somente Deus pode ressuscitar. Queremos “o melhor de Deus para nós” nesta vida, no lugar de tomarmos a nossa cruz e de negarmos a nós mesmos. Queremos conhecer “as leis da prosperidade” mais do que o Espírito de Santidade; e, para nos justificarmos, tentamos ser pessoas auto-motivadas e de alta performance, antes de sermos cristãos cuja alegria está em primeiro lugar Nele; e santos bem aceitos pelo mundo a despeito das Palavras de Jesus contrariar esse posicionamento.
A falha do evangelismo atual reside na sua abordagem humanista. Esse evangelho é francamente fascinado com o grande, barulhento, e agressivo mundo com seus grandes nomes, o seu culto a celebridade, a sua riqueza e sua pompa berrante. Para os milhões de pessoas que estão sempre, ano após ano, desejando a glória mundana, mas nunca conseguiram atingi-la. O moderno evangelho oferece rápido e fácil atalho para o desejo de seus corações. Paz de espírito, felicidade, prosperidade, aceitação social, publicidade, sucesso nos negócios, tudo isso na terra e finalmente, o céu. Se Jesus tivesse pregado a mesma mensagem que os ministros de hoje pregam, ele nunca teria sido crucificado.
E já que não há mais poder do Espírito Santo em nossos ministérios, em nossas igrejas e nem em nossas atividades missionárias, nós temos que fazer todo tipo de malabarismo profissional, para manter um defunto movendo-se no culto. Através dos anos, temos criado os nossos próprios guetos de artistas, superestrelas e apresentadores, com versões cristãs de tudo que há no mundo.
Por exemplo, “a música cristã” é freqüentemente uma desculpa para artistas, muitas vezes inferiores, conseguirem vencer numa subcultura cristã que imita o brilho e glamour do entretenimento secular. Inclusive suas próprias cerimônias de premiação e seu ambiente de superestrelato. Produzir música em conformidade com os gostos anestesiados de uma cultura consumista já é ruim; imitar a arte comercializada é desperdiçar talento. Isto trivializa tanto a arte quanto a religião.
Hoje temos o espantoso espetáculo de milhões a ser derramado na tarefa de proporcionar irreligioso entretenimento terreno aos chamados filhos do céu. Entretenimento religioso é, em muitos lugares rápido meio de se esvaziar as sérias coisas de Deus. Muitas igrejas nestes dias tornaram-se pouco mais do que pobres teatros de quinta categoria onde se "produz" e mercadeja falsos “espetáculos” com a plena aprovação dos líderes evangélicos, que podem até mesmo citar um texto sagrado fora de contexto em defesa de suas delinqüências. E dificilmente um homem se atreve a levantar a voz contra isso.
A maioria dos crentes não acredita que a Bíblia diz o que está escrito: acreditam que ela diz o que eles querem ouvir. Contornar a Palavra de Deus e chamar os nossos desejos de direção divina, só leva à multiplicação do pecado. Há muitos vagabundos religiosos no mundo que não querem estar amarrados a coisa alguma. Eles transformaram a graça de Deus em libertinagem pessoal e muitas vezes coletiva.
Se você crê somente no que gosta do evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em você mesmo. Os homens estão mortos para Deus por estarem vivendo para o ego. Amor próprio, auto-estima, auto-satisfação são a essência e a vida do orgulho; e o Diabo, o pai do orgulho, nunca está ausente de tais paixões, nem deixa de ter influência nelas. Sem a morte para o ego não há escape do poder de Satanás sobre nós.
Ai de vocês que pregam seu falso evangelho, transformam a casa de Deus em comércio. Vendem seus CDs, vendem seus falsos milagres, vendem suas falsas unções, vendem falsas promessas de prosperidade, enquanto na verdade só vocês têm prosperado. Como escaparão do juízo que há de vir? Aos Pregadores da Prosperidade: Não Tornem o Céu Mais Difícil!
"Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la?" Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido." João 6:60;65-66
- Conteúdo adaptado a partir de algumas ideias e textos de diversos autores Cristãos: Paul Washer, John MacArthur, John Piper, A.W. Pink, A. W. Tozer, Leonard Ravenhill, Roger Oakland, Mary Schultze, Matthew Henry, Ricardo Barbosa, Ciro Sanches Zibordi, Agostinho, Rev. Rousas John Rushdoony, Michael S. Horton, William Law, John Angell James.